[RESENHA] Procura-se um Marido - Carina Rissi

Posted by Sarah Charles on dezembro 02, 2015 in Resenha,

Nome: Procura-se um Marido
Autora: Carina Rissi
Editora: Verus
Número de Páginas: 476
Ano: 2012
Gênero: Romance

Alicia perdeu os pais muito nova, num terrível acidente. De lá pra cá, a garota foi criada por seu avô Narciso, um homem dono da maior empresa de cosméticos do país, L&L Cosméticos, com uma fortuna incalculável. 

Com seus vinte e poucos anos, Alicia não precisa trabalhar. Sua vida é ir em festas, curtir, tudo junto com sua melhor amiga Mari. Seu avô reclamava sempre de uma dor de cabeça, que insistia em nunca passar e, assim como a neta insistia, ia sempre ao médico. Até que um dia ele morreu. 

"Mas ele pôde. Naquela manhã, ele me deixou."

Aneurisma cerebral, foi o que matou o avô de Alicia. Mesmo em seu abalo de ter perdido todos da família, o advogado e amigo de confiança de Seu Narciso insiste em fazer o quanto antes a leitura do testamento. Este, por sua vez, alega que uma parte da fortuna será destinada aos três empregados principais da casa e a outra parte, que pertenceria à neta, vai ser trancada e ficar sob as mãos de um tutor (Sr. Clóvis, o advogado) e a empresa sob o controle do Vice Presidente (Sr. Hector) até que Alicia esteja devidamente casada. O problema é que Alicia não quer se casar tão nova. Não quer se apaixonar por alguém. 

E o negócio só piora quando Dr. Clóvis decide se mudar para a mansão, até então a casa da garota. Vendo seu suposto tutor e a mulher destruírem aos poucos as lembranças que seu avô deixara estampadas em cada canto da casa, Alicia decide ir morar temporariamente com sua amiga Mari.

Como Seu Narciso não é bobo nem nada, mesmo quando morto ainda apronta uma para o lado da netinha. Juntamente com todos os acordos do testamento, há uma cláusula que dá à Alicia um cargo vitalício dentro da L&L Cosméticos. Assim, mesmo com seu bens trancafiados sob a guarda de Clóvis, ela poderia "se manter" trabalhando.

"— Deve estar havendo algum engano — eu disse sorrindo para a Espanador. — Eu

sou a neta do dono da empresa. Não vou ser secretária de ninguém.

— Concordo, você vai ser assistente de secretária – ela sorriu triunfante."

Ela começa seus dias dentro da empresa da família sendo recebida rudemente por todos os demais funcionários, além de os jornais terem sempre algo a falar da garota que foi de princesa à gata-borralheira.  Cansada de receber uma merreca, ser maltratada dentro da empresa e ter perdido sua cassa para Clóvis e sua esposa Telma, a sem-noção, Alicia decide pôr um fim em tudo isso, procurando um jeito de contornar o testamento do avô. 

A primeira opção, sugerida pela amiga Mari, é alegar que Seu Narciso não estava em boa condição mental quanto escreveu o testamento por conta dos remédio para a aneurisma e que fora influenciado de alguma forma a fazê-lo. Mesmo sendo a opção mais segura e aceitável, até mesmo firmada por um advogado, a garota não quer manchar a memória de seu amado avô e decide algo inusitado. Um anúncio no jornal. 

"Procura-se um marido para curta temporada. Homem entre 21 e 35 anos, que

tenha imóvel próprio e emprego estável, disponível para matrimônio. Boa aparência

não é exigida. Apresentação de antecedentes criminais obrigatória. Casamento de

aparência. Sexo está excluído do acordo. Paga-se bem no término do contrato.

Tratar com Lili pelo telefone... "

Começa a comédia no livro! Alicia vai se encontrar com os mais variados tipos de pretendentes a marido possíveis: de língua presa até um procurado da justiça! Até que encontra o único sujeito que nunca pensou em encontrar:  Max, um funcionário do setor nove da L&L Cosméticos, com seus incríveis olhos verde, cabelos longos e terno perfeitamente ajustado. Sonho de qualquer uma, não?! Max (apelido de Maximus) quer o casamento forjado para poder ter uma chance a mais para concorrer a um dos melhores cargos da empresa. Como se trata de uma empresa familiar, preza-se homens bem casados, como Seu Narciso tanto admirava. O casamento que duraria um ano parecia privilégio para os dois, até Alicia se apaixonar. 

É então que a garota começa a receber visitas de seu falecido avô nos sonhos, vindo sempre com alguma frase para que ela saiba o que fazer, mesmo que Alicia não preste atenção. Agora, além de se preocupar com a paixão que sente, suspeita que o testamento apresentado tenha sido forjado e/ou sido influenciado por alguém que queria posse das coisas. Clóvis, que virara seu tutor e regente da fortuna? Ou Hector, que assumira de vez o cargo principal da empresa? Mas e como provar essa suposta farsa? Ah, e claro, ainda precisa preocupa-se caso alguém descubra sobre o casamento forjado. Ela perderia todos os direitos do testamento e Max poderia até ser preso.  

"— Ele não está à venda. Não sei do que você está falando. Agora tira essa bunda

da minha mesa que eu não sei por onde isso aí andou — a espetei com a ponta do

lápis."

Primeiramente, preciso dizer que achei incrível a forma como a autora consegui conciliar os fatores, não os deixando bagunçados ou difíceis de entender. Tudo se entrelaça! Os personagens são muito bem fundados, tanto os principais quanto os secundários, não deixando de ser cuidadosa com nenhum deles. Embora a história não se aprofunde muito nos personagens secundários, podemos ver a evolução deles ao decorrer do livro, deixando-os visíveis, por assim dizer. 

Outro ponto que venho a elogiar é a habilidade da Carina de relatar os fatos em primeira pessoa e mesmo assim não deixar a história estampada de todas as formas possíveis. Ela conseguiu enroscar o romance com o mistério de uma forma magnífica, fazendo-nos suspirar e ter vontade de entrar no livro para bater na cara dos malvados! 

O livro me fez rir, chorar, querer lançá-lo longe, querer mergulhar nas páginas, suspirar... Enfim! Um montão de reações que eu nem sequer sabia que eram possíveis serem expressadas ao ler um livro. Assim como na experiência que eu tive com a série Perdida, não consegui manter o controle de minhas emoções durante sua leitura. É lindo! O final, embora um pouco deduzível, ainda nos deixa sem ar e com um gostinho de quero mais. Por que não recomendar? Alguém de vocês já leu? O que acharam? 

"“Eu sempre estive ao seu lado”, vovô dissera. Agora eu entendia."